Runarcana RPG

Visitando a Tecmaturgia: Águas de Sentina

Uma questão constante que vejo surgir entre os jogadores e interessados pelo Runarcana RPG é quanto às tecnologias descritas no livro, sejam elas através da origem Construto ou mesmo através dos Inventos do Tecmaturgo. A grande constante é a de que essas duas categorias de coisas são “tecnológicas demais”, com uma fixação forte em robôs mecanizados para os construtos e tecnologia hextec para os inventos do Tecmaturgo, sempre envolvendo partes metálicas e engrenagens.

Nada pode ser mais longe da verdade, tanto na descrição do Construto quanto na da classe do Tecmaturgo, procuramos deixar o mais claro possível que a “tecnologia” empregada é algo totalmente ligado à interpretação e história do jogo, não a regras estabelecidas e parametrizadas. Portanto, os dispositivos podem seguir estilos completamente diferentes entre si

Com esse intuito, resolvi resgatar aqui o Hexcriba para escrever algumas formas de se entender e interpretar Construtos e Inventos com base em cada uma das tecnologias descritas nas regiões, reproduzo abaixo cada região com a visão de como podem ser interpretadas essas duas categorias, a origem e os itens, baseado em cada uma das regiões e seu estilo tecnológico predominante:

Águas de Sentina

Sendo uma região que contém um pouco de toda Runeterra dentro de si, a maior assinatura visual da tecmaturgia de Águas de Sentina se dá na utilização de carcaças de animais, monstros e feras, usando chifres e presas e até mesmo pedaços dessas criaturas que são mantidos funcionais mesmo não mais vivos.

Construtos

Os construtos de Águas de Sentina além de poderem trazer praticamente qualquer assinatura de estilo do resto do mundo de Runeterra, também podem trazer uma assinatura claramente Sentinense, através de construtos feitos em madeira, corais, carcaças de animais marinhos, até mesmo de pedra de pedaços de um templo Buhru que foi animado.

Esses construtos podem ser desde um espírito que entrou em uma estátua qualquer e se viu preso naquele corpo, passando por uma criatura marinha que tenha chegado às portas da morte, mas conseguiu por algum processo mágico se conectar a destroços de um navio assombrado antigo, percebendo então ter braços e pernas, até mesmo pensamentos e fala.

Outra alternativa interessante é a de um recife de corais que criou consciência, percebeu-se separando de sua colônia e aos poucos sua forma foi se transformando em uma forma mais próxima da humanoide, vindo a sair das águas ou mesmo se tornando uma criatura única que navega sem destino, em busca do que é exatamente.

Dispositivos

Agulheira: Uma criatura qualquer do mar, como um ouriço ou mesmo um baiacu, podem ser a fonte estrutura da Agulheira, com a carcaça de uma dessas criaturas sendo acoplada a uma peça moldada em madeira de lei no qual tais espinhos podem ser encaixados e através da magia do Invento, se transformam em dardos ao serem disparados.

Arma de Elixir: Imagine uma garrafa de rum antiga, que pertenceu a piratas do passado, tendo sido transmitida de mãos em mãos como um objeto amaldiçoado que sempre expele o que é inserido nela com uma força violenta. Agora imagine que essa garrafa de rum foi espatifada e cada um desses pedaços manteve de certa forma essa capacidade. Junte uma lasca desse vidro amaldiçoado a um mecanismo elegante feito com um osso de baleia finamente esculpido e você tem uma arma de elixir totalmente Sentinense.

Cajado Tecnomante: Pernas de pau são comuns em uma região piratesca, então quão surpreso ficaram os tripulantes de um navio, ao verem que um de seus companheiros colecionou várias delas de oponentes derrotados, e ao uní-las com um pouco de cola feita de entranhas de peixes e ao ser adornada com uma pérola avermelhada, se tornou um cajado capaz de disparar raios estranhos e perigosos.

Drone Coruja: Uma senhora amava muito um papagaio que foi dado a ela por sua avó, e sua avó, já velha, contava como recebeu o papagaio de sua avó também. A senhora ficou muito triste quando o mesmo faleceu, mas sem coragem de se livrar de seu corpo, pediu a um taxidermista empalhasse o animal. Sem dinheiro para pagar, ela mesma tentou e teve até um bom grau de sucesso. O papagaio adornava a lareira imunda dessa senhora em especial quando ela recebia seus clientes, até que um dia um deles resolveu tentar algo que ela não gostou, recebendo um balaço quente nos miolos. Seu sangue espirrou no papagaio e desde então, ao segurar sua pistola de pederneira, o papagaio flutua atendendo a seus comandos.

Égide Pneumática: Um jovem marujo cansado de sempre ter que correr dos disparos de canhões em seu navio resolveu um belo dia tomar a âncora de uma embarcação pequena devorada à sua frente por serpentes marinhas, que tiveram a pachorra de cuspir a âncora em sua direção. Depois de pensar muito, resolveu que não valia a pena limpar aquela gosma brilhante da âncora, apenas pegou algumas aparas de madeira e fez uma parede móvel, para que pudesse se proteger dos bombardeios. Para sua surpresa, aquela substância gosmenta parece ter trazido propriedades curiosas para seu “escudo”.

Ignium:  Uma arma sinistra, conta a lenda que um dia um capitão pegou um de seus marujos roubando pertences pessoais, e na mão do meliante estava um isqueiro sem valor algum, mas aquilo teria de ser um exemplo. Amarrado no convés, os braços do homem ficaram presos com aquele isqueiro na mão, enquanto o corpo era incendiado e arremessado no mar antes de espalhar fogo pelo barco inteiro. A viúva daquele marujo encontrou apenas os braços ainda segurando o isqueiro, mumificados e com um aspecto medonho. Levou ele para casa como uma lembrança de seu amor. Em uma noite fria, ela resolveu se esquentar mas não tinha sequer uma lasca de madeira para queimar em sua fogueira que ameaçava apagar. Ciente de que seu amado entenderia que era para o bem dela, ela arremessou aquela coisa desfigurada na fogueira e adormeceu, apenas para acordar algumas horas depois, com um fogo incrível se espalhando a sua volta, ela o apagou e desde então tem procurado entender como exatamente aquilo funciona.

Irradiador de Projéteis: Um velho tripulante de um navio caindo aos pedaços de uma tripulação com quem ninguém se importava, gostava de usar arco e flecha ao invés de armas de fogo, que pareciam sempre explodir em suas mãos. Cansado de suas aljavas sempre furarem após apodrecerem com a falta de higiene e a maresia, resolveu fazer uma nova aljava, escolhendo a carcaça de uma serpente marinha pequena e estranha que foi pega na rede por engano. Após se deliciar com o banquete, resolveu talhar algumas inscrições naquela aljava em homenagem a toda sua tripulação que padecera do veneno daquela criatura. De alguma forma os espíritos furiosos de seus antigos companheiros parecem ter ficado presos no couro daquela serpente que ele carrega para todos os lados em seus ombros na forma de uma aljava.

Precursor Magnético: Uma Vastaya estranhamente bela para os padrões humanos estava cansada de sempre sofrer tentativas de abusos em sua loja de artigos para pesca, até o dia em que recebeu de pagamento duas carcaças quase podres de um peixe estranho que possuía um chifre. Irritada com aquilo, ela resolveu limpar aquelas cabeças, e colocou um par de rodinha em cada uma delas, controlando-as à distância para assustarem invasores na noite. O toque final foi quando ela finalmente capturou um desses invasores, morto no chão com a cabeça rachada e percebeu que cada uma da cabeças tinha comido metade do cérebro daquele bandido. Ela passou a cuidar daquelas coisas estranhas que a protegiam.

Transdutor Explosivo:  Um pirata que perdeu o olho em um duelo resolveu que no lugar de um olho de vidro, colocaria uma joia, mas todas que serviam, acabam por machucá-lo. Finalmente, ele encontrou uma pérola de pouco valor que ficava totalmente confortável, e mais importante ainda, ela parecia transmitir seus pensamentos para seus explosivos. A maior surpresa do pirata foi quando acordou um dia com a pérola em seu colo e com seu olho totalmente regenerado. Desde então ele carrega essa pérola em um enfeite preso em seu cabelo sujo e volumoso.Vibrum: Surpreso com a capacidade de alguns peixes pequenos de perfurarem pedra devido a enorme velocidade com que usavam seu nariz ósseo golpeando a pedra, uma estudiosa dos mares resolveu capturá-los para entendê-los. Infelizmente o único que ela conseguiu capturar faleceu alguns dias após. Por acidente ela deixou duas substâncias químicas caírem naquele aquário cheio de água podre e o peixe pareceu se reanimar. Após alguns experimentos com parte daquele peixe, ela conseguiu usar um alfanje enferrujado para cortar rochas extremamente rígidas, com o mesmo se movimentando talvez ainda mais rápido do que aquele pequeno peixe que está embutido em sua empunhadura.

Essas são as primeiras ideias, a grande maioria baseadas na atmosfera dos piratas e do que sabemos sobre Águas de Sentina. Como podem ver, todas elas possuem alguma historinha sobre como vieram a ser, com uma leve descrição que encaixam bem com as descrições de cada um dos dispositivos e trazendo uma nova visão sobre os Construtos.

Pretendo nas próximas semanas explorar as outras regiões, não necessariamente em ordem Alfabética, apenas comecei por Águas de Sentina por ser (como eu sempre digo) uma das regiões mais cosmopolitas de Runeterra, onde encontramos todos os tipos de personagens e de todos os tipos de regiões.

E aí, gostaram, qual acreditam que será a próxima região? Façam suas apostas…

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