O Roteiro do Runeterra RPG
Saudações invocadores!
Sejam bem vindos ao primeiro artigo da coluna “Hexcriba”, uma coluna semanal onde escreverei sobre o Runeterra RPG sem temas fixos. Em uma semana posso falar sobre ideias para alguma criação, desenvolvendo com vocês os pensamentos que levam a isso, enquanto na seguinte, posso fazer uma crítica a alguma decisão narrativa da Riot ou apenas falar sobre algum assunto que considere pertinente.
Para estrear a coluna, o assunto que escolhi foi exatamente o sistema do Runeterra RPG, falar um pouco sobre seu passado, contar sobre o presente conturbado com o lançamento da aventura de Legends of Runeterra no DnD Beyond, e compartilhar um pouco do que planejamos para o futuro. Antes mesmo de começar o texto, já deixo o aviso de que será um artigo longo, mas garanto que os realmente interessados no Runeterra RPG serão recompensados.
Passado
Runeterra RPG nasceu da vontade de um veterano com mais de 20 anos de RPG de jogar aventuras nesse mundo que ele aprendeu a amar chamado Runeterra, graças a um joguinho chamado League of Legends com a qual ele teve contato em 2013.
Um pouco dessa história já é conhecida por quem leu o prefácio dos livros, mas provavelmente não seja de conhecimento dessas pessoas que esse mesmo veterano (esse escritor que vos fala) sempre teve uma tradição de criar, traduzir e divulgar conteúdo de RPG pela Internet, desde os anos 90.
As ideias que fizeram o Runeterra RPG ser firmado como ele é hoje foram fruto de muito pensamento e raciocínio tanto sobre RPG no geral quanto em como seria uma boa adaptação de League of Legends, algo que explorasse esse mundo em construção e que carecia de um material feito com paixão.
Pensamentos de fazer isso aos poucos até surgiram, talvez criar uma classe, uma raça, um poder ou qualquer outro elemento e aos poucos ir juntando tudo em uma grande colcha de retalhos. Mas isso não soou bem desde o começo, lembram o que falei de paixão? Pois então, uma pessoa apaixonada normalmente flerta com a loucura e foi isso que o Runeterra RPG se tornou enquanto projeto, algo louco, especialmente por ser algo totalmente gratuito.
Se no passado do RPG no Brasil muito do conhecimento era reservado aos que tinham dinheiro para livros importados e se negavam a compartilhar com os outros, ou se contornavam essa barreira através da geração xerox ou mesmo deram valores para as primeiras traduções, em muito isso se deve a uma espécie de ganância das pessoas com conhecimento.
Muitos que aprendem muito sobre algum assunto tendem a achar que isso os torna especiais, diferentes e parte de uma elite imaginária. Não à toa, durante os anos 90 era comum que a falta de acesso a material criasse algumas aberrações, como mestres que continham o poder em mãos por terem os livros cobiçados.
Esse é o grande motivo do Runeterra RPG ter sido concebido como um projeto gratuito desde seu início. A pirataria existe desde os anos 90 através das fotocópias (xerox) e nos anos 00 ela escalou com uma força descomunal graças aos meios eletrônicos. Se por um lado a pirataria de livros atinge autores e editoras, ao mesmo tempo ela democratiza o acesso à informação. Para que não fosse necessário apelar para a pirataria, o modelo escolhido foi o gratuito desde o início.
Um sistema até certo ponto aberto, baseado em uma licença “pública” que permite a criação de variações, somada a uma propriedade intelectual de primeiro escalão, promovida por uma das empresas mais importantes da indústria dos games… dois elementos que estavam prontos e aguardando serem unidos por alguém que não teria como lucrar diretamente com isso, o faria por paixão pelos dois elementos.
Assim o Runeterra RPG nasceu de maneira tímida, na versão 1.0 totalmente diagramada em Microsoft Word e criada com base em conteúdo disponível na Internet. Basicamente a primeira versão era um grande apanhado de material formatado e organizado em apenas um lugar, com pouquíssima criação e inovação.
Mas esse lançamento era apenas uma Carta Armadilha, preparada para capturar incautos tão malucos quanto o criador disso, que tivessem interesse em ir além, criar algo muito mais amplo do que as primeiras 60 páginas, gente que tivesse disposição de ousar e paciência de lidar com tão chato escritor.
Surgiu o Luke Nitole, rapidamente nos entendemos e percebemos que tínhamos, se não o mesmo objetivo inicial, uma capacidade de “contaminar” o outro com suas ideias e visões. Assim nasceu o Runeterra 1.01 que foi um espaço de testes feitos com esse novo colaborador, que a partir desse momento se tornou co-autor e co-criador.
Dessa forma nasce o Runeterra 1.1, um marco nesse projeto pois trazia uma criação de conteúdo surrealmente maior perto do que existia até então. Classes foram criadas, as Raças se tornaram “Origens” e foram modificadas, o sistema foi se desenhando como uma ramificação do D&D 5ª edição e alcançou o grande público do RPG.
Se o lançamento do 1.1 foi um marco e uma felicidade, eles só não foram maiores do que a vontade de ir além, criar mais e mais, especialmente pela gratificante recepção da comunidade e pelo carinho transmitido pelos interessados que se tornaram fãs. Com isso a versão 1.2 veio rapidamente para tentar estabilizar o sistema, trazer correções e muitos conteúdos novos que foram desenvolvidos para que a experiência com o Runeterra RPG se tornasse ainda melhor.
E isso nos traz ao presente.
Presente
Enquanto eu escrevo esse artigo, a versão 1.21 está em produção e posso adiantar a vocês que ela deve ser lançada pelos próximos dias. Mas não esperem imensas revoluções, nem mesmo reformulações completas. A versão 1.21 vem para consolidar ainda mais o sistema, organizar conteúdos que foram refeitos e revisados e tentar trazer um mar de calmaria para os que não aguentam mais os erros ortográficos, de continuidade ou demais erros de uma produção feita por fãs.
Nessa versão traremos uma nova Origem, o Rework dos Praticantes de Ki, bem como outros conteúdos lançados desde a versão 1.2 através do Cofre Relicário, dos Hotfixes ou de outros Reworks. Repetindo mais uma vez, é uma versão de consolidação e estabilização para os que usam o sistema, munida pelas contribuições feitas por fãs e pessoas que dedicaram mesmo que um pouco do seu tempo para enviar erros encontrados (obrigado Kenpachi).
O lançamento da versão 1.21 serve também como um ponto de partida para a produção da versão em inglês que potencialmente é estopim para a produção em outros idiomas, interesse já foi demonstrado e isso apenas ainda não aconteceu pela falta de solidez do sistema, é terrível tentar manter versão em mais de um idioma de um sistema que “muda” a cada três meses.
Ainda nessa versão, trazemos algumas modificações em origens e classes que só foram possíveis com a publicação de conteúdo novo por parte da Riot, pois esses conteúdos são o que nos direcionam para onde a lore/história se desenvolve e quais esforços teremos que fazer para adaptar o sistema já criado às novidades do mundo.
É um trabalho um tanto quanto complicado, pois a cada novo conto lançado, campeão revelado ou simplesmente uma pequena conversa com algum Rioter, muito do que criamos pode ser validado ou completamente nulificado, exigindo que atuemos rapidamente para que o sistema mantenha sua integridade completa com a lore oficial e canônica, algo que prezamos desde o início.
Uma possibilidade quase que certa é que a versão 1.21 deve ser a última feita de forma tão rápida e num espaçamento tão pequeno. Ainda assim, não recomendamos a impressão daqueles que desejam, mais solidez é necessária para que você empregue seu dinheiro na produção de um livro impresso, sem que exista arrependimento ou um sentimento de traição por pouco tempo depois uma revisão ser lançada. Lembrem-se, somos fãs, não recebemos um centavo e temos que ganhar a vida enquanto fazemos isso, por isso somos falhos.
Pertinente à questão de impressão, adianto que uma vez que tenhamos um sistema realmente estável, seremos os primeiros a avisar a vocês sobre isso, inclusive com um projeto que talvez agrade aos interessados em ter uma versão física desse livro de forma legalizada e que mantenha nosso princípio de um projeto não comercial em sem fins lucrativos.
Quanto ao presente, muitos de vocês devem saber que o DnD Beyond lançou uma aventura em parceria com a Riot e o Legends of Runeterra, com algumas subclasses novas para a 5ª edição além de monstros, itens e outros conteúdos.
Em um primeiro momento entramos (eu) em pânico pela possibilidade do Runeterra RPG ter que desaparecer, afinal, não somos uma empresa e seríamos esmagados se nosso “produto” entrasse em conflito com duas empresas enormes. Mas não há pânico no horizonte, embora o conteúdo lançado seja “Oficial” do ponto de vista de ter relação com a Riot Games, ele não afeta a história de Runeterra e nem mesmo tenciona ser uma adaptação como é o Runeterra RPG.
Sobre a legalidade, temos conversado com a Riot no Brasil justamente em busca de esclarecimento quanto a continuidade do projeto e todos indícios são bons até o momento, portanto embora essa história ainda não tenha terminado, ela nos aponta para o que parece ser um bom futuro.
Futuro
E sim, parece que o futuro será bom e muito proveitoso, sem esse grande impedimento legal, nosso projeto pode ser mantido e continuar a existir enquanto a proprietária da Propriedade Intelectual (a Riot Games) não se sentir incomodada ou prejudicada, trazendo assim a chance de melhorarmos ainda mais o sistema e trazermos sempre conteúdo que se alinhe ao universo de Runeterra.
Mas chegou a hora de falarmos de futuro, algo que até esse momento mantinhamos reservado apenas aos integrantes do projeto e dos colaboradores mais próximos. Todo o Runeterra RPG ainda está incompleto, podemos dizer que até a versão 1.21 ainda a ser lançada, ele terá alcançado cerca de 1/5 do planejamento original.
Não, você não leu errado, as mais de 320 páginas do 1.2 que devem aumentar consideravelmente com o 1.21, são por volta de 1/5 do conteúdo que planejamos e já temos em andamento. Embora seja uma época difícil essa de pandemia, ela tem se mostrado bem produtiva como uma forma de tentar afastar a mente dos problemas e da loucura que o mundo se encontra.
Portanto, vamos ao Roteiro do Runeterra RPG, o planejamento que temos para o próximo ano em busca da edição consolidada, embora jamais venha a ser definitiva, uma vez que a Riot provavelmente continue desenvolvendo conteúdo durante esse tempo e além.
Para a versão 1.21 que está preste a sair, temos:
1.21
- Revisão de Texto do 1.2
- Anima das Cicatrizes Rúnicas para o Bruto
- Origem, Troll
- Idiomas -Revisão e organização
- Rework e Revisão das classes:
- Ninja
- Bodhisatva
- Caçador
- Sistema de Ki para praticantes de Ki
Antes da versão 1.22, teremos uma surpresa, muito aguardada por todos os fãs do Runeterra RPG e que contará com a interação e a participação da comunidade. Fiquem de olho no que vem por aí.
1.22
- Revisão ou Rework das classes
- Arcano – Revisão
- Tecmaturgo – Rework
- Combatente – Revisão
- Níveis Épicos
- Capstone nas Subclasses
- Revisão Mágica + Tipos de Dano
- Capítulo de Conjuração
Sabemos que o Arcano assim como o Tecmaturgo e o Combatente precisam de um carinho adicional, com mais consistência entre os níveis e uma melhor definição dos picos de poder de cada uma dessas classes.
Os Níveis Épicos vem aí: Seu sonho é ter uma campanha e ir além do nível 20? Vamos tentar tornar isso viável.
Quanto ao Capstone das Subclasses, pretendemos que o nível 20 de todas a as classes não tenham uma característica de classe, mas sim, de subclasse, recompensando aqueles que se mantém fiéis a uma classe e não correm para multiclasse em busca de combos que tem pico de poder precoce mas que não se tornam tão interessantes a longo prazo.
Na Revisão Mágica + Tipos de Dano, vamos complicar um pouco as coisas, dando mais opções e possibilidades e ampliando o leque tanto da magia, quanto dos tipos de dano causados, com uma melhor definição dos mesmos, suas fontes, resistências, vulnerabilidades entre outros.
1.23 e 1.24
- Runessências
Nessas duas versões, pretendemos ampliar as Runessências disponíveis abordando aspectos ainda não totalmente cobertos pelo sistema até esse momento, através de conjuntos de Runas que tenham uma temática e história como já estamos acostumados no mundo de League of Legends.
Essas Runessências servirão para consolidar esse sistema, trazendo talvez até uma revisão menor das já existentes até essas versões. Queremos dar mais possibilidades e formas de permitir personalizações cada vez mais únicas para os personagens criados, recriando e celebrando a grande diversidade de Runeterra e do Runeterra RPG.
1.2?
Após as versões anteriores, nossos planos estão em aberto em sua maior parte, pois muito do que fazemos é dirigido pelos lançamentos da Riot, já que nesse tempo podem ser lançados campeões, informações mais detalhadas sobre regiões e outros personagens que nos tragam a necessidade de adaptação.
1.3
A versão “oficial” e recomendada para a impressão do Runeterra RPG, contendo um sistema completo e que necessitará apenas de um livro, equivalente ao Player’s Handbook e ao Dungeons Master’s Guide da 5ª edição e finalizando a formalização de que o Runeterra RPG é um sistema baseado na 5ª edição, mas independente o suficiente para ser auto-sustentável.
?
Após isso, o futuro é incerto e será definido em muito pelo que a Riot lance de conteúdo, mas ainda assim, não representa o fim da jornada. Além do livro básico, pretendemos lançar pelo menos mais 3 livros, que serão os seguintes:
Santangelo – Um livro de monstros e criaturas contendo o bestiário mais completo para Runeterra e suas aventuras, com poderes únicos para monstros, regras adicionais, regras de ações de covil entre outras mecânicas que achamos interessantes de serem inseridas;
Helium – Um manual de magias, runas, sutras e outros recursos únicos de Classe. Um verdadeiro compêndio de poderes e possibilidades a serem explorados pelos aventureiros de Runeterra;
Icathia – Um livro de conteúdo duvidoso, com coisas que foram removidas da história, possibilidades que não foram tão bem exploradas e lacunas que não estejam em total conformidade com a história canônica. Um tributo também ao extinto site que criei no passado e publicava fanfics.
E se vocês acham que isso é tudo, estão enganados, além de todo conteúdo que já publicamos regularmente no Cofre Relicário, lembrem-se que sim a Riot lança conteúdo frequentemente, isso muitas vezes dá abertura para novas criações e adaptações e em alguns casos requer um Rework ou uma Revisão, o que faz com que a surpresa e a incerteza do futuro, sempre permitam novidades no Runeterra RPG.
Com isso, creio que estamos sendo o mais transparente possível sobre nossos planos e objetivos para o futuro do Runeterra RPG, demonstrando onde investiremos nosso tempo, onde poderemos precisar de ajuda e de criações de pessoas sintonizadas com esses objetivos e voluntários dispostos a colocar a mão na massa sob o “Comando Ditatorial de um Velho Chato”.
Espero que com esse artigo vocês também entendam um pouco de nossas limitações e condições que fazem muitas vezes um conteúdo ter que ser reescrito, refeito ou simplesmente removido, lembrem-se de nosso compromisso em maior fidelidade possível com a história do League of Legends.
Até a semana que vem, e obrigado por lerem até aqui!
Deixe um comentário